sábado, 17 de março de 2012

Domando a nossa fera

A maioria das pessoas têm alguns probleminhas de personalidade. Umas confusõezinhas mentais, podemos dizer assim. Eu não sou diferente dessas pessoas. Tenho meus problemas. Muitos deles, eu tenho conseguido trazer à consciência. Gradativamente, tenho lançado luzes no meu inconsciente, na tentativa de detectar onde e por que é exatamente que meus medos se manifestam. Mas essa não é uma tarefa nada fácil.

O medo é fruto da ignorância.

Quando ignoramos uma coisa, temos medo dela. Quando ignoramos uma coisa por muito tempo, ela passa a nos destruir. Como a morte, por exemplo. Porque a ignoramos, passamos a vida toda com medo dela, angustiados com o dia em que ela vai chegar. Porque ela vai chegar. Invariavelmente. Essa angústia é tão grande que a gente não pode nem ouvir falar no assunto. E gera ansiedade. Ansiedade é quando a gente reconhece uma coisa e não tem coragem de enfrentá-la. E aí a destruição vem em dobro, porque a ansiedade nos leva a agir como presas acossadas pelo predador, que é a vida.

O ser humano é uma fera cujo principal alimento é a ignorância. Quanto mais ignoramos, mais bruta e devoradora de almas se torna essa fera. E essa fera (eu lhes asseguro), sente mais fome quando é jovem, época em que ela é também mais forte e vigorosa. Portanto, é preciso conhecer para alimentá-la.

Você não espera manter à base de mingau um leão, espera?

Em outras palavras, quanto mais ignoramos, mais medo temos de viver; quanto mais medo ao viver, mais angústia e ansiedade; quanto mais ansiedade, mais bobagens nós fazemos com a nossa vida.

Acontece que Deus é Bondade - o bom Deus nos dá tudo aquilo que nós pedimos de coração. E é por isso que a ignorância pede perdão. "Deus protege os bêbados e as crianças, porque eles não sabem o que fazem." E à frente, nós vamos. Porque a ignorância são as trevas, e o conhecimento é a luz. Embora doa nos olhos. E na alma. Lá no fundo.

O que é preciso, então, para ser feliz? Eu penso que para isso é necessário conhecer nossos demônios. Sim, nós temos demônios, do grego daimónion, gênio inteligente que preside o caráter dos homens. E é preciso identificá-los para combater com eles. Ao lado ou contra eles. Mas combater.

Porque Deus (não importa o que você chama de Deus) escolheu esse corpo para nele fazer combates de dualidades: frio e quente, doce e amargo, alegre e triste, homem e mulher, amor e ódio, razão e emoção, entre outras coisas. O ser humano é a luta da carne com o espírito. Bem-aventurados são aqueles que obtêm o equilíbrio entre essas duas faculdades. É algo que eu desejo. É algo que eu busco. É minha luta.

Outrora meus demônios eram as mulheres. Ainda são, na verdade, só que menos. Domei um pouco essa ânsia por seus cabelos volumosos, seus seios firmes, suas mãos delicadas, seus dentes brancos, seus olhos rasgados, sua boca flamígera, suas pernas esticadas, seus perfumes doces, sua pele macia, seus balançares de flancos, suas mentiras, suas lágrimas melífluas e, principalmente, sua obsessão por serem desejadas, amadas e compreendidas a todo o instante.

"A menor das diferenças entre homem e mulher é a biológica", um amigo me disse outro dia.

Mas há outros demônios: e todos fazem morada no ego. Eles vêm de acordo com o seu tamanho: mulheres; dinheiro; posição social; ego; espírito; equilíbrio; e virtude. Ego de egoísmo. É preciso travar duelos com coragem. E a arena é dentro. Dentro da gente.

Conhecimento é a única forma legítima de libertação.

Um comentário:

  1. Nossa Artur, como és modesto e humilde.... kkkkkk brincadeiras à parte, mais um refrigério aos intelectos com este teu texto maravilhoso. Parabéns!!!!!!Beijos!!!!!!!

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