sábado, 20 de outubro de 2012



"E para fugir da solidão os homens se entregam de bom grado a relações confidenciais das quais em seguida se arrependem, mas que por certo tempo permitem-lhes ter a ilusão de que uma simples confidência já seria uma forma de amizade. Imagina-se - e meu pai ainda estava convencido disso - que a amizade é um serviço que se presta. Mas o amigo, assim como o apaixonado, não deve esperar uma recompensa para seus sentimentos. Não tem que exigir contrapartidas por seus serviços, não deve considerar que a pessoa eleita é uma criatura fantástica, deve conhecer seus defeitos e aceitá-la como é, com todas as consequências. Isso seria o ideal. E, de fato: será que vale a pena viver, ser homem, sem um ideal desses? E se um amigo nos decepciona porque não é um amigo de verdade, será que podemos acusá-lo, jogar-lhe na cara o seu caráter, a sua fraqueza? Quanto vale uma amizade que ambiciona ser premiada? Será que não temos o dever de aceitar o amigo infiel exatamente como o amigo fiel e cheio de abnegação? Será que não é talvez o conteúdo mais autêntico de toda relação humana, esse altruísmo que do outro nada exige e nada espera, absolutamente nada?"

(Sándor Márai - As Brasas) 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Amor

- Vamos, vamos, temos que nos apressar. Senão, esqueço a ideia e perderemos muitíssimo.
- Mas, espere, aquela menina está olhando para você.
- Eu percebi, mas ela é muito grande e meu pênis é pequeno.
- Seu pênis é pequeno? Você nunca me disse isso antes.
- Não é coisa que se saia dizendo por aí, sabe? Espero que você entenda.
- Claro, eu disse por dizer. Não estou aborrecida. Mas, espere, ela continua olhando para você.
- É que ela não sabe que eu tenho o pênis pequeno. Só quem sabe é você, porque eu lhe contei agorinha.
- É muito pequeno?
- Não é que seja pequeno, é pequeno para ela, que é grande, rica e muito bonita. Além disso, ela tem cara de que gosta e sabe fazer sexo.
- Mas ela continua olhando...
- Vamos, vamos, temos que ensaiar a peça.
- Vamos.
- Vamos, Andrucha, falo sério.
- Vamos.


                             Tic,
                       tac,         tac
                       tic,          tic,
                              tac.



- Vocês não têm nenhum respeito pela arte. Vocês são uns viados, uns merdas, e você é uma insolente, Andrucha, igualzinha a esses imbecis. Fiquem aí. Traidores!


Tic, 
     tic                  tac, 
                       tic,          tac, 
  tic,                     tac.

- Oi.
- Oi. Desculpe, vou direto ao ponto: tenho cara de rico, sou ator e escrevo peças de teatro, mas tenho pau pequeno. Não vai dar certo.

(...)
....
....................
(        )
8 ¨ ¨ (            )

- Espere. Minha cavidade vaginal é considerada pequena pelos ginecologistas.

(                          )
            !!!!
(                          )

- Oh!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Escambo de Livros na Fundarpe!


Que ideia massa!


Espaço no Recife que incentiva a troca de livros começa a funcionar

Projeto da Secretaria de Cultura permite o escambo de obras de literatura. Serviço ocorre todos os dias no Espaço Pasárgada, no bairro da Boa Vista.

28/09/2012 14h54 - Atualizado em 28/09/2012 14h54

Do G1 PE

Já está valendo o projeto Escambo de livros. A partir desta sexta-feira (28), o Recife ganhou um espaço permanente de troca de livros de literatura, ou seja, quem tem uma obra esquecida na estante pode permutá-la por outra. O serviço, realizado pela Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundarpe, ocorre no Espaço Pasárgada, na Rua da União, 263, na Boa Vista, no Centro da cidade, sempre de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h. 

Pela regra, não é permitida a troca de livros didáticos ou religiosos, apenas de literatura, e a permuta só vale com obras disponíveis no acervo. O escambo também acontecerá no hall da Fundarpe, que fica na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, nas últimas sextas-feiras do mês, das 8h às 12h e das 14h às 17h. 

A partir do dia 5 de outubro, outro projeto começa a funcionar: o Livros Livres. A ação, iniciada no Festival de Inverno de Garanhuns deste ano, espelha-se no conceito de bookcrossing, ou seja, o ato de 'esquecer' livros em lugares públicos para que as pessoas que os encontrem possam lê-los e, eventualmente, deixá-los em outro lugar para que mais pessoas os levem. A primeira intervenção será no Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, que irá amanhecer com obras espalhadas por todo canto. 

Com livros doados pelo Funcultura e pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) e devidamente etiquetados com um selo explicativo, a proposta é incentivar as pessoas a deixar livros em lugares públicos e transformar a cidade em uma grande biblioteca. A ação seguirá acontecendo sempre na primeira sexta-feira do mês, cada vez em um bairro diferente. 
Ambos os projetos são realizados pela Coordenadoria de Literatura da Secretaria de Cultura. Outras informações pelo email literatura.secultpe@gmail.com ou telefone             (81) 3184-3166      .

Fonte: http://www.pe.gov.br/blog/ .

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Eu só tenho uma revolta no meu coração.

Ela espezinha minhas manhãs, e é a mãe de todo o desconforto que agita a minha alma, impedindo-a de permanecer o lago plácido que tanto almeja ser.

Embora seja só uma, mas eu creio que ela seja suficiente para desalegrar o resto, como uma laranja podre que contamina todo o cesto.

É a escravidão. A escravidão que uns poucos homens condenam aos outros, à maioria.

Cumpre, ó Deus, passarmos então para o lado dos escravistas, tornando-nos escravistas-seniores e diminuindo um pouco a carga bruta que pesa sobre o nosso lombo? Ou cumpre lutar, lutar, lutar, lutar, por  uma causa que parece perdida ainda no seu nascedouro?

Deus, ó Deus, onde estás, que tu te escondes?

É preciso ser Robespierre, santo e pobre, ou Danton, pagão e cliente?

Quem era verdadeiramente louco: Danton ou Robespierre? E por quem bate o meu coração?