Um passo importante na vida de qualquer homem é substituir o "eu" pelo "nós". Quando um homem faz essa singela troca de pronomes, em seu discurso, isso significa que ele pelo menos já considera a possibilidade de que construir para os outros e com os outros é melhor e mais importante do que construir para si. E junto, de preferência.
Quando abandonamos a nossa zona de conforto, o Universo olha para nós. Sabe, eu acho que as pessoas amarguradas e más são sempre aquelas que nunca abandonam a sua zona de conforto. Zona de conforto, nós sabemos, é aquela redoma invisível na qual alguns de nós nos encarceramos de vez em quando e cujos limites nos transmitem uma falsa sensação de segurança, porque as variáveis que orbitam por dentro da redoma nos são supostamente conhecidas.
Portanto, as pessoas que se metem deliberadamente dentro da sua zona de conforto estão sempre a desdenhar daqueles que se lançam à vida. Trancafiam-se lá dentro e atiram a chave fora. De lá, põem-se a lançar pedras contra os telhados dos outros, porque subiram na laje da sua pequena casinha de tijolos e pensam que podem tudo. São os reis das lajes. Tristes pessoas que... Não podem reinar além de seus próprios telhados.
E ser o rei do seu telhado não é má coisa, na verdade - desde que você não perca a coragem de saltar dele de vez em quando para alçar voos pelo mundo, porque, afinal de contas, ninguém leva a casa de tijolos no bolso quando sai para voar. Passarinho não carrega a gaiola nas costas quando voa, a não ser nos contos de fada.
Viver dentro da zona de conforto é como ser peixe dentro do aquário: tem comida, tem segurança - mas não tem o inefável gosto de arriscar a própria vida na busca por novos horizontes. Nada de novos temperos, de novos peixinhos, de fugas alucinantes de tubarões e de novos amores. Não. O deus dos aquários é previsível demais para os pássaros.
Assim, quando um ser humano abandona a zona do "eu", ele está consequentemente abraçando o "nós" e saindo da sua zona de conforto. Daí, ele se liberta de toda a amargura que antes o acorrentava ao solo, porque agora ele sabe que o mundo é grande e que a força só está com quem ama. Não basta ser capaz de amor, tem que ser capaz de amar.
Eis a magia da vida: atirar-se sem medo no "nós".
Viva o amor.
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