segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Maximilien Marie Isidore de Robespierre - ou simplesmente Robespierre - entrou para a história como o líder sanguinário da Revolução Francesa.



Quero dizer aos amigos, antes de tudo, que Robespierre foi contra a pena de morte, quando ela foi votada durante a Assembleia Nacional de Paris. Derrotado, o líder dos jacobinos dirigiu toda a sua energia para tentar convencer seus pares a pelo menos adotarem a guilhotina, em substituição aos antigos métodos que prevaleciam há séculos, como, por exemplo, amarrar os quatro membros do condenado a quatro cavalos e mandar que eles andassem em direções opostas, mutilando, assim, o criminoso. Conseguiu. 

Não vou negar, porém, que Robespierre se valeu largamente do uso da guilhotina mais tarde. Não sou idiota. Pelo menos, é o que dizem os documentos, juntamente com os inimigos do nosso personagem. 

Para  Robespierre, a imputação da morte era injustificável, a não ser que houvesse uma causa maior que a justificasse. Há quem concorde com essa postura, e há quem discorde. Difícil é encontrar quem não concorde nem discorde.

Robespierre nasceu e morreu sem riqueza; advogado, promotor público e deputado, gozou do poder quase absoluto durante boa parte da Revolução Francesa. Poderia ter acumulado cargos e riquezas sem fim, como fazem a maioria dos "revolucionários". Mas, não. Mesmo quando chegou ao topo do poder, manteve-se fiel aos seus princípios e não traiu os ideais que sempre defendeu nas tribunas da Assembleia. Vejo glória nisto, peço licença a vocês para tanto.

E isto porque era vacilante, mirrado, hesitante e de feições felinas. Mesmo assim, chegou ao topo. Se tivesse a oratória de um Mirabeau... Quem sabe onde teria ido parar?

"Robespieristas e antirrobespieristas: afinal de contas, nos digam quem foi Robespierre", foi a frase que entrou para a história; porque, para os inimigos, tratava-se de um sujeito sem caráter, invejoso, oportunista e cruel; para os amigos, todavia, um ser-humano amável, virtuoso, simples e obediente a princípios valorosos.

Entretanto, apesar desta discórdia inconciliável, amigos e inimigos reconheciam em Robespierre uma qualidade que marcou para sempre o busto do francês de Arras: a incorruptibilidade. 

Robespierre: O Incorruptível.



Proveniente do que se pode chamar de classe média francesa, abandonado pelo pai ainda criança, já então órfão da mãe, que se casara grávida, o filho mais ilustre da província de Artois galgou todos os degraus do movimento social mais efusivo dos últimos dois mil anos. Mesmo assim, manteve-se eternamente pobre (mal tinha o de vestir e o de comer), reservou-se da luxúria, abdicou do poder e rejeitou as benesses da burocracia do Estado francês da sua época. Defendeu bandeiras como "o povo", a imortalidade da alma, a existência do criador e, é claro, a igualdade, a liberdade e a fraternidade.





E é por isso que eu digo: só a classe média produz revoluções e revolucionários. Nela, deve mesmo residir a esperança dos revolucionários. Faz todo sentido. E nem precisa ler O Capital e O Manifesto do Partido Comunista para chegar a esta conclusão. Basta conhecer o espírito da classe média, especialmente os conflitos que permeiam os ocupantes desta classe. É mais ou menos como se arrepiar ao ouvir a Internacional. É por aí.

Embora, é claro, eu não acredite mais em revoluções, posto que o mundo bem melhor vai ser construído sobre novas bases. Nada de reformas, nem de revoluções. Novas bases. Novo tudo.



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