Jorge se acordou com uma sensação de febre revoltada. O corpo era uma brasa. Pensou que estivesse doente e levou as costas da mão direita ao pescoço, a fim de medir a temperatura. Estava normal. Sentou-se na cama, semi-acordado, e sentiu o medo correndo pelas suas veias. O coração estava aos pulos. De repente, um calafrio lhe pegou pela base das costas e foi subindo até a nuca. Jorge tremeu de frio. Desligou o ar-condicionado. Frio e calor. Atirou no chão a colcha que o envolvia e deu um salto da cama.
Já de pé, contemplou o mundo ao seu redor. Livros sobre a estante, alguns cigarros apagados no cinzeiro de vidro, um copo sujo por cima do laptop e algumas roupas displicentemente pousadas sobre a televisão.
Jorge tocou o pescoço mais uma vez, a fim de conferir a temperatura. Normal. Os calafrios também cessaram. Apenas o corpo ainda formigava. E a garganta ia um pouco ressecada.
- Êh, Jorge - gritou alguém de lá -, parece que o medo te apanhou durante a noite.
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Jorge suspirou pesadamente e deixou-se cair na cama outra vez; antes, porém, acendeu uma vela e pediu a Deus que lhe arrancasse aquele medo que ia no seu coração. Depois, voltou a se deitar, e de volta à companhia de anjos e serafins, esqueceu-se de todo o pesadelo e caminhou levemente para dentro do seu sono.
E tudo isto aconteceu lá naquela nuvem, onde os anjos nos recebem quando nós estamos sonhando. E foi lá que eu lhe dei um abraço. E foi lá que eu me encontrei com ele e lhe disse assim: "Jorge, deixa da tua frescura".
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